O drama dos trabalhadores que dependem de ônibus na região do Grande ABCD,parece não ter fim, ainda que o sistema seja apontado como a grande solução para melhorar a mobilidade urbana. De tanto receber queixas, o RD foi às ruas para ouvir usuários e o resultado foi um rosário de reclamações sobre a qualidade do serviço prestado pelas empresas, a começar pela sofrida espera dos carros nos pontos de parada, que demoram. Contam que os ônibus da mesma linha demoram, em média, meia hora para passar. Oito entre 14 entrevistados disseram que gastam, no mínimo, uma hora por dia nos pontos de ônibus.
Muitas reclamações:
“Eu sempre reclamo para os cobradores e eles tentam justificar que há poucos carros nas linhas”, conta Francisca Alcântara, usuária da linha 16 – Alvarenga, em São Bernardo. “Semana passada, fiquei mais de uma hora esperando por um ônibus da Trans Bus. Liguei para a empresa reclamando”, completa Francisca, que não obteve resposta da empresa sobre a reclamação.
Em Diadema, o aposentado Antonio Carlos Lopes, de Diadema, conta que a esposa deixou de aceitar um emprego no Centro da cidade, por causa da linha 112 – Santo Amaro, único ônibus que faz o trajeto necessário. “O ônibus da linha já chegou a demorar uma hora e meia e não tem horário definido para passar. Houve vezes em que o motorista mudou o trajeto por conta própria”, diz o usuário.
Indignada com o martírio, Maria Carvalho, professora da rede pública e moradora de Mauá, que já chegou a passar horas esperando ônibus. “Em dias de chuva, já fiquei quatro horas no ponto sem passar ônibus. Até mesmo dentro de Mauá, a demora é duas horas”, reclama.
Motoristas não obedecem parada:
Michelle Raeder, não consegue respostas e nem melhorias relativas às inúmeras reclamações que fez na ouvidoria da empresa Urbana. Moradora de Santo André, Michelle conta que motoristas da empresa não respeitam a solicitação de parada no ponto situado na Praça IV Centenário, ao lado da Prefeitura. “Quando há outros veículos parados no ponto, eles não esperam para ver se há passageiros. Muitas vezes é preciso ir para o meio da rua para que o motorista veja que é preciso parar no ponto”, reclama a jornalista.
A faxineira Evanilce Bispo, de Diadema, também não teve sua solicitação atendida, no caso, para descer do ônibus. “Hoje mesmo, eu dei sinal duas vezes, o motorista passou os dois pontos e só parou no farol, um absurdo. Estou tendo que voltar agora”, conta Evanilce.
Michelle e Evanilce não são as únicas a se queixar do atendimento. Relatos de motoristas que correm demais e freiam bruscamente são muitos. O casal Maria de Lourdes e Francisco José da Silva afirma que muitas vezes percebe o despreparo dos profissionais. “Eles deveriam ser mais bem treinados. Às vezes é como se estivessem carregando animais na carga”, afirma Maria de Lourdes. “Os motoristas dos ônibus menores são os que mais correm”, reclama Francisco.
Horário não é respeitado:
O horário de funcionamento dos ônibus também é alvo de críticas. Nos finais de semana e feriado, as frotas são menores, com isso o tempo de espera no ponto é maior. Além disso, grande parte das linhas para de funcionar à meia-noite, o que prejudica quem estuda ou trabalha no período da noite. “É preciso aumentar o horário de atendimento do transporte público. Quem sai tarde do trabalho, se acontece algum imprevisto, não tem como voltar pra casa”, reclama Clenilza Panato, funcionária pública estadual e usuária de ônibus em Santo André.
A universitária Camila Luz, que mora no distrito Riacho Grande, em São Bernardo e estuda no bairro Rudge Ramos, já passou apuros. “A palestra na faculdade acabou às 23h20. Tive de pegar um taxi até minha casa porque não havia mais ônibus pra lá”, conta a estudante que sai da faculdade às 22h30 e só consegue chegar em casa meia-noite.
Tarifas muito caras:
O aumento das tarifas de ônibus nas cidades do ABC gerou não só reclamações como atos de protesto. Membro do Comitê Unificado Contra o Aumento da Tarifa, o estudante Felipe Morales, morador no Centro de Diadema, considera o preço da passagem abusivo para a qualidade do serviço que as empresas oferecem. “O aumento da frota de ônibus deveria ser uma das prioridades do Poder Público”, acrescenta.
O grupo reúne membros da sociedade civil e representantes de partidos políticos, em busca da revogação imediata do aumento das passagens no ABC. “Queremos a revisão já, pois estamos sofrendo com a passagem do ônibus neste preço”, reclama Carolina Colto Alves, membro do Comitê e militante do PSTU.
Evanilce Bispo, de Diadema, observa que o preço da passagem de ônibus na cidade (R$ 3,20), é maior que o preço do trólebus (R$ 3,10). “E o trólebus ainda oferece um serviço melhor”, reclama.
A majoração das tarifas de ônibus em seis cidades do ABC, decretada no início de janeiro, não só gerou reclamações como desencadeou protestos. O primeiro prefeito a ouvir o grupo foi Carlos Grana (PT), em Santo André, nesta quinta-feira (7).
De acordo com Marcelo Reina, presidente do PSOL local e um dos organizadores do movimento, Grana se comprometeu a participar de uma audiência com o Comitê, a população e a SA Trans, empresa de ônibus responsável pelo sistema municipal, a fim de esclarecer se o aumento é “justificável”. “A gente tem dificuldades de abrir diálogo com os prefeitos e não vamos desistir enquanto não derrubarmos esse aumento”, diz Reina.
Prefeituras admitem demora de até 55 minutos:
Responsáveis pela fiscalização e regulamentação do transporte público municipal, as prefeituras têm ciência do grau de insatisfação dos usuários com o serviço de transporte coletivo prestado, principalmente em relação à demora e irregularidade nos horários dos ônibus.
São Bernardo, Diadema e Mauá admitem que é a principal queixa, mas que os intervalos de até 55 minutos são apenas em linhas que apresentam pouca demanda.
É o que acontece em São Bernardo. O município informa que o intervalo entre as linhas de maior demanda varia entre oito minutos no horário de pico e 20 minutos ao longo do dia. Mas para as linhas de pouca demanda, a regra é outra: o usuário tem de esperar 35 minutos pelo coletivo em períodos de maior movimento, enquanto nos demais horários, a espera pode chegar a 55 minutos.
De acordo com Diadema, o intervalo entre as linhas varia entre 8 e 12 minutos e as saídas são monitoradas por GPS. Em São Caetano, o tempo médio de intervalo entre os ônibus (considerando linhas distintas e fins de semana) varia entre 10 e 15 minutos.
Santo André e Rio Grande da Serra não responderam ao pedido de informações sobre o sistema, enquanto Ribeirão Pires e Mauá não informaram o intervalo médio das linhas de ônibus municipais.
Legislação é municipal:
De acordo com a lei número 12.587, de 3 de janeiro de 2012, cabe aos municípios “planejar, executar e avaliar a política de mobilidade urbana, bem como promover a regulamentação dos serviços” e ainda “avaliar e fiscalizar os serviços e monitorar desempenhos do serviço”.
Antonio Carlos Cristiano, presidente da Comissão de Acompanhamento de Políticas Públicas da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André, diz que é também atribuição de cada município cuidar do transporte. “A responsabilidade é passada para o Executivo, que a realiza em parceria com empresas. Como não é um serviço privatizado, são feitas concessões”, explica o advogado.
Outro lado da moeda:
Prestadoras de serviço, as empresas de transporte coletivo da região informam que são apenas cumpridoras das exigências determinadas pelas prefeituras.
“As empresas procuram fazer o melhor possível. Em relação ao atraso de horário dos ônibus, os usuários têm de procurar o órgão gestor, o órgão público. É a Prefeitura que determina tudo e é ela que vai dar o diagnóstico do que fazer. As empresas tem uma determinação: faça. Elas não têm nenhuma interferência em itinerário e horário”, afirma Luiz Marcondes de Freitas, gerente geral da Aesa (Associação das Empresas do Sistema de Transporte de Santo André).
Para idosos, subir no veículo é difícil:
A altura dos degraus dos coletivos é o outro obstáculo para os usuários da terceira idade e, também, a principal queixa na Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas da Região do Grande ABCDMRPRGS. Como os idosos possuem mais dificuldade e, por isso, são mais lentos para embarcar, os motoristas, quase sempre atrasados, não param no ponto.
“Aí ouvimos justificativas sem sentido, como dizer que não viu o passageiro no ponto ou dizer que o idoso não tinha condições de subir no coletivo e, por isso, ele não parou. É ridículo”, conta Luís Antônio Ferreira Rodrigues, diretor de Políticas Sociais da associação.
Segundo a associação, esse é apenas um de uma série de desrespeitos praticados por motoristas com passageiros mais velhos. “Eles têm de reclamar, porque o sistema e a lei são falhos”, complementa.
A fim de melhorar a relação com a terceira idade, a associação planeja palestras até setembro. Na sétima edição, a campanha é dirigida aos motoristas de ônibus, empresários do setor e passageiros idosos.
“Da última vez, convidamos um motorista acidentado para vir até a frente, mas ele demorou. Com isso, ele viu a dificuldade do idoso”, conta o diretor. “São as empresas e o poder público quem determina os horários apertados e todo o estresse é repassado ao motorista”, diz.
Motoristas estressados:
Pressão, longa jornada de trabalho e muito trânsito. Quem trabalha com transporte coletivo enfrenta uma série de dificuldades, segundo o Sintetra (Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC). “A pressão por cumprir horário, somada a problemas, como motoqueiros que não respeitam a faixa e catadores de material reciclável que atrapalham o fluxo de veículos, provocou afastamento de companheiros por estresse”, relata Marcos Antonio Aleixo, secretário do sindicato.
Segundo Aleixo, as prefeituras é que determinam os intervalos de saída dos ônibus. Em horário de pico, variam entre 5 a 7 minutos, fora isso um carro deixa o ponto final a cada 10 ou 15 minutos. “Os horários impostos são antigos e não foram revistos, e o trânsito aumentou”, diz ao contar que as empresas trabalham apenas com duas jornadas, o que obriga a cumprirem longas jornadas de trabalho”, diz.
Fonte:Reporter Diário (Camila Bezerra e Nathalia Blanco)
Pra quem fica desfilando com o carro da entidade porque nao tem identificacao fazendo compra, viajando etc, etc...
ResponderExcluirNao esta precupado se os onibus ta cheio, passagem cara, ou se as mulheres tão sendo humilhadas por homens sacanas.
O quadro tem que mudar urgentemente, nao estou aguentando mais esta direcao.
Sou trabalhador da Solvay e a mais de um ano estava esta conversa na fabrica. Esta parecendo um cheiro de cobrança de fatura depois da doação do Clube ao Sindicato.
ResponderExcluirNunca fui fã do CAFU, mas parece que vou ficar com saudade dele.
Será que vamos ter que começar a “CAMPANHA VOLTA CAFU”.
AQUI E MAIS DE 21 MIL
ResponderExcluirE DO OUTRO LADO?
E DESESPERO,E DESESPERO, E DESESPERO,E DESESPERO, E DESESPERO,
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Nos da Solvay estamos perdido.
ResponderExcluirTemos tres diretores que nao fala coisa com coisa.
Voce pergunta para um o que ta acontecendo ele nao sabe. pergunta para o outro ele vai ver. pergunta pro outro ele fala para ir conversar com os outros dois.
È gente estamos perdido mesmo?
Acho que assim como a escola e os outros beneficios que tinhamos Vamos perder mais uma vez, e desta vez vai ser pior vai ser o emprego.
Porque dos tres dois ja ta falando em mudar de carro e comprar outra casa.Parece que è brincadeira mas è verdade.
Tem muito predio que esta faltando escada de emergencia, brigada de incendio, planta atualizada, e com muita gente circulando.
ResponderExcluirInclusive deve ter sindicato que nao tem sistema adequado de seguranca.
estamos de saco dessa democracia furada com cara de nazismo camuflada ,com diretores tentando ferrar trabalhadores,a categoria nao aguenta mais .estamos de olho.chapa 2 neles.
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