sexta-feira, 28 de junho de 2013

CHAPA 2,CADÊ A CORREÇÃO DO FGTS?

Vários sindicatos e centrais sindicais cobradas pelas suas bases,iniciaram nas últimas semanas o que poderá vir a ser o maior processo judicial da história do país, em termos de pessoas envolvidas e volumes financeiros movimentados.Sindicatos ligados a Força Sindical,Conlutas, UGT e CSB,já entraram com várias ações na Justiça do Trabalho do Distrito Federal solicitando o recálculo retroativo da Taxa Referencial (TR),com pedido de liminar antecipada,para repor o que consideram uma perda de 88,3% na correção do FGTS desde 1999 até 2013. Pois a partir daquele ano, a TR começou ser reduzida paulatinamente pelo gestores da Caixa Econômica Federal,até estacionar no zero em setembro de 2013, encolhendo também a remuneração do FGTS,corrigido por juros de 3% ao ano e mais a TR.

Apenas nos últimos dois anos, quando a redução da TR chegou a níveis mais drásticos, os trabalhadores teriam perdido cerca de 11% em termos reais,se considerada a correção oficial do FGTS,em comparação com a evolução da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC),sempre usado como referência em questões trabalhistas pelo governo.Nos últimos meses,o índice de inflação acelerou,subindo mais de 6% ao ano desde 2010, enquanto que o FGTS,que não pertence ao Governo,mas sim aos trabalhadores tiveram redução drástica na correção.

Os representantes das entidades sindicais, tem colhido adesões de milhares de trabalhadores aos processos e calculam que, levando-se em conta o saldo total do FGTS,que atualmente soma mais de R$ 350 bilhões,afirmam que os valores questionados na Justiça do Trabalho,pelos trabalhadores poderia chegar a cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB),todos estes processos podem chegar a mais de 30 milhões em adesões de trabalhadores potencialmente prejudicados pela não correção das contas de FGTS.

Em contraste com a evolução dos depósitos na conta dos trabalhadores e trabalhadoras, inativa ou melhor parada até o momento em que se justifica o saque, o patrimônio líquido do FGTS nos últimos tempos navegou de vento em popa.Cresceu como um bolo gigante nas mãos do Governo e da Caixa Econômica Federal,mas ao mesmo tempo o dinheiro encolheu na mãos dos trabalhadores,subindo de R$ 17,72 bilhões para R$ 46,79 bilhões a disposição do Governo Federal. 

Tudo isso sinaliza que está sobrando dinheiro nas contas do FGTS e que chegou o momento de se fazer justiça com a classe trabalhadora, recompondo o valor real dos depósitos realizados seguindo os índices de inflação e a favor dos assalariados que constroem a riqueza deste país.Não seria justo devolver o dinheiro desperdiçado na ciranda financeira aos seus verdadeiros proprietários,pois o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço pertence ao trabalhador e a trabalhadora,ou não?.

Os trabalhadores do chão de fábrica estão pressionando os sindicatos e as centrais sindicais para cobrarem do Governo Federal e da direção da Caixa Econômica Federal,uma forma de negociação ou até mesmo a abertura de uma Medida Provisória,que regularize as contas e que possa mudar imediatamente as regras de correção do FGTS e assim interromper os prejuízos violentos nas contas do FGTS dos trabalhadores,em caso de recusa devemos orientar todos os trabalhadores a exigirem na justiça a reparação dos valores,sejam eles 88,3% ou 48,3%,pois pertencem ao conjunto da classe trabalhadora e disso não abriremos mão.

Fonte:Trabalhadores da Base

terça-feira, 25 de junho de 2013

CHAPA 2,EM DEFESA DOS TRABALHADORES!

Centrais sindicais cobradas pelas bases marcam greve geral para 11 de julho de 2013

As principais centrais sindicais brasileiras cobradas pelos trabalhadores da base,marcaram para o dia 11 de julho de 2013,uma greve geral em todo o País, numa onda de mobilização batizada pela categoria como "Dia de Luta".O motivo será pressionar a presidente Dilma Rousseff a dar mais atenção à pauta trabalhista entregue ao governo em março deste ano. A decisão foi tomada durante uma reunião realizada nesta terça-feira com as lideranças da Força Sindical, CUT, UGT,Intersindical,CSP-Conlutas, CGTB, CTB, CSB e NCST, juntamente com o MST e o Dieese.

A onda de paralisações é vista pelos sindicalistas como um preparativo para uma grande marcha prevista para agosto, em Brasília, e cuja data ainda vai ser discutida pela classe. "Queremos o cumprimento dessa pauta histórica da categoria, que está nas mãos da presidente desde antes de ela ter sido eleita e que infelizmente ela não cumpriu", afirmaram os organizadores.

Devemos chamar à unidade das centrais sindicais e dos movimentos sociais para dialogar com a sociedade e construir uma pauta que impulsione mais conquistas, as reivindicações que vieram das ruas por moralidade e contra a corrupção e outras serão incorporadas as pautas da classe trabalhadora, disseram os presentes.

Os sindicalistas vão se reunir na manhã de quarta-feira dia 26 de Junho de 2013, com a presidente Dilma, em Brasília, para reforçar as principais reivindicações da categoria que estão na pauta. São basicamente seis pontos que vão ser reforçados: maior investimento em saúde e educação; aumento de salários imediatamente; redução de jornadas de trabalho para 40 horas; apoio total à reforma agrária; fim do fator previdenciário e transporte público de qualidade.

Algumas centrais sindicais e movimentos sociais anunciaram que estão participando dos protestos numerosos que estão tomando as ruas do país,pois estão sendo cobrados pelas suas bases e reafirmaram que continuarão nas ruas,levantando suas bandeiras e disputando democraticamente os corações e mentes dos estudantes e trabalhadores,pois entendemos que este momento é crucial para transformar nosso país.Estamos de mãos dadas com a população brasileira e colaborando na organização de greves, paralisações e manifestações de diversas categorias,seja elas do movimento popular ou dos estudantes e assim continuaremos mobilizados nestes próximos dias,pois tudo isso servirá de acumulo para o "Dia de Luta em 11 de Julho de 2013."

Fonte:Trabalhadores(as) da base

sábado, 22 de junho de 2013

CHAPA 2,DESCULPEM-NOS ESTAMOS MUDANDO O BRASIL!

Do rio que tudo arrasta,diz-se que é violento.Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem... 
Bertolt Brecht

Assistimos no meio da rua do centro de São Paulo,rodeados de cartazes,cartolinas e rostos pintados de verde e amarelo,primeiramente o pronunciamento conjunto do governador Alckmin e do prefeito Haddad, no final da tarde de quarta-feira 19/06/13, confirmando a revogação do reajuste e a redução da tarifa dos transportes públicos da cidade de São Paulo (ônibus, trem e metrô) para o valor de R$ 3,00.E dias depois 21/06/13,suados e rodeados por estudantes secundaristas e universitários,trabalhadores e moradores de rua,transmitido ao vivo em um telão no centro da cidade,o pronunciamento da presidenta Dilma,os dois fatos foram momentos inesquecíveis,que representaram uma grande e incontestável vitória das manifestações populares conduzidas pelos estudantes e pelos trabalhadores,que cansados de protestarem pelo "facebook" e as tais "redes sociais",decidiram sair as ruas,pintar a cara,fazer cartazes e lutar contra o descaso da classe política,contra a superlotação e os aumentos descontrolados das tarifas de transporte do povão.Obrigando outras capitais,governos municipais e estaduais a anunciarem a redução dos valores,cedendo às milhões de vozes e as várias paralisações que vieram da população que mais sofre.

Uma vitória das ruas,dos manifestantes que acreditaram na força de seus protestos e pé,mesmo após a brutal violência da polícia militar,e em algumas vezes de excessos e vandalismos dos seus próprios membros,coisa inespressiva perto dos mais de 2 milhões de manifestantes que tomaram as ruas do nosso país.É também uma vitória do movimento estudantil,de toda uma geração,tão criticada pelo individualismo e alienação,repetidos diariamente pelos meios de comunicação,e para não contrariar a história os jovens mais uma vez foram a vanguarda deste lindo processo de lutas.“O povo mobilizado está de parabéns e assusta qualquer governante,reafirmando as frases escritas nos cartazes que tomaram o país "Jogaram mentos na geração coca-cola!"e "Verás que um filho teu não foge a luta!".

Com isso,foram derrotadas as " as velhas lideranças que acreditavam deter o monopólio dos movimentos sociais",foram derrotados os "ditos gurus articulistas e colunistas da mídia tradicional,"foram derrotados os "que se venderam aos donos do poder e traíram a sua classe" e acima de tudo foram jogadas na lata de lixo da história os discursos e tentativas de "criminalizar e deslegitimar o movimento que emergiu das ruas",que se iniciou reivindicando um direito elementar, o acesso a um sistema de transporte público e de qualidade,mas  ao passar dos dias já reivindicava direitos sociais e uma melhor condição de vida ao povo como um todo.

Os membros do nosso movimento participaram ativamente dos protestos em São Paulo e no Grande ABC,desde do seu inicio, pois entendemos que o MRCL (Movimento Renovação,Coragem e Luta),além das lutas diárias em defesa da classe trabalhadora e nossas bandeiras históricas,também defende a revogação do reajuste das tarifas ,que se baseie em cortes nos lucros dos empresários do transporte,na redução dos salários dos governantes e na punição concreta aos corruptos e corruptores e não compactua com as ameaças de cortes de verbas sociais,como saúde e educação.Defendemos um novo modelo de transparência que abra definitivamente as caixas-pretas das planilhas de custos do transporte público em todas as cidades do nosso país.

Fica mais uma vez comprovado que a luta nas ruas é o caminho para se obter conquistas para o povo,pois apesar de toda a retórica inicial dos governantes de que "não poderiam rever os aumentos","de que os gritos dos oprimidos não vinham do povão,mas sim de uma "pequena elite descontente",com muita luta,muita garra e muita porrada,o reajuste foi revogado,obrigando tanto as autoridades municipais,estaduais e federais a se pronunciarem perante seu povo e a reconhecerem seus erros "estamos ouvindo os gritos de alerta que vem das ruas",reforçando nossa força e nossa crença nas mobilizações populares conduzidas pelo povo”.

Temos a certeza que estes resultados servirão de aprendizado para os "ditos donos do poder",seja você quem for,não desista,não desanime,tenha fé em Deus,acredite nas mudanças,lute de forma pacífica pelo seu bairro,participe das associações de moradores,seja voluntário nas obras sociais das igrejas,participe do seu sindicato,cobre as promessas dos políticos da sua cidade,pois foi assim de grão em grão que conquistamos a redução das tarifas e agora lutaremos por um transporte público,gratuito e de qualidade e agindo assim,fique sabendo,que consequentemente estaremos construindo um país melhor para todos.

Fonte:Trabalhadores(as) da base

domingo, 16 de junho de 2013

CHAPA 2,CONTANDO HISTÓRIAS DE LUTA!

No final de novembro de 1958, os paulistanos foram dormir com uma tarifa e acordaram com o outra. E no final daquele dia a cidade foi dormir com quatros manifestantes mortos, dezenas de feridos e 150 veículos depredados.Os usuários só ficaram sabendo do reajuste quando encontraram, na manhã do dia 30, cartazes nos pára-brisas dos ônibus e bondes com novo valor. Com o aumento na calada da noite, as tarifas de ônibus passaram de Cr$ 3,50 para CR$ 5,00, e dos bondes de Cr$ 2,50 para Cr$ 3,00.  Ciente das possíveis reações, o prefeito Adhemar de Barros mandou colocar policiais armados em diversos pontos de ônibus da cidade. Nos dias das manifestações, Barros estava no Rio de Janeiro.

A primeira reação da população foi de reclamação. Mas às 10h30 começaram chegar notícias das primeiras paralisações de ônibus e bondes feitas por estudantes e que se estenderiam durante aquela jornada. Os alunos do Liceu Pasteur pararam um bonde no ponto final da Vila e outro foi impedido por alunos do Mackenzie na Rua Maria Antonia. 

Durante toda aquela manhã e tarde as manifestações foram pacíficas.Para provar, estudantes do Mackenzie montaram um tabuleiro de xadrez em frente a um bonde parado.Mas as paralisações tomaram outro sentido durante o durante o entardecer, quando há mais procura por transporte. Os estudantes já tinham bloqueado a circulação dos ônibus na Avenida São João, o comércio baixou as portas e as vidraças do cine Olido foram estilhaçadas. Em várias regiões os manifestantes esvaziavam os ônibus, em outras, como na praça 14 Bis, os fiscais da extinta Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) instruíam os motoristas a mandar os ônibus para a garagem. 

Com os pontos de ônibus cada vez mais apinhados de gente, a Força Pública foi acionada para dispersar os manifestantes e liberar a circulação dos veículos da Praça da Sé e da Praça Clóvis, os terminais mais movimentados naquela época. Os soldados levavam além de munição real, balas de festim e bombas de efeito moral. Quando as tropas do Batalhão de Guardas e do Regimento de Cavalaria chegaram, em torno das 18:00 horas, foram recebidas com paus e pedras pelos manifestantes.E não puderam impedir que os ônibus fossem depredados e incendiados. Às 21:00 horas, sem conseguir dispersar a multidão, a tropa recebeu ordem de atirar para o alto. O resultado foram quatro mortos, três à bala, dezenas de feridos e presos.Para esvaziar o centro, a prefeitura colocou caminhões da Cia. Mogiana, do Departamento de Águas e Esgoto (DAE) e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) para transportar as pessoas gratuitamente. 

Somente às 21:00 horas, quando o movimento tinha dominado a cidade, as autoridades se reuniram no Palácio dos Campos Elísios. No encontro estavam o governador Carvalho Pinto, Quintanilha Ribeiro, chefe da casa civil e o secretário da Justiça, Pedroso Horta. Na saída do encontro, em entrevista à TV, Horta justificou o aumento lembrando que uma das promessas de campanha de Adhemar de Barros era sanear as contas da CMTC. E uma dessas medidas seria o aumento das tarifas. 

No dia seguinte, as paralisações e a repressão policial continuaram. Dessa vez foi na porta do Palácio Prates, antiga sede da Câmara dos Deputados no Parque D. Pedro II. Os manifestantes foram lá pedir que as tarifas fossem reduzidas. O vereador Monteiro de Carvalho subiu na capota de um carro e explicou que a questão das tarifas era da competência da prefeitura. A multidão foi dispersada por volta da 19:00 horas “a golpes de casse-têtes” como publicou o Estado do dia 1 de novembro.  

Fonte:(Acervo/Estadão)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

CHAPA 2,PRESENTE NAS LUTAS!

Por que esses vândalos não sofrem em silêncio? 

Alguém acha que a realidade vai mudar apenas com protestos on line ou cartas enviadas ao administrador público de plantão? Ou que a natureza de uma ocupação de terra, de uma retomada de um território indígena ou de uma manifestação urbana não pressupõe um incômodo a uma parcela da sociedade?

Fiquei bege ao ler propostas de que manifestações populares em São Paulo passem a ser realizadas no Parque do Ibirapuera ou no Sambódromo. Pelo amor das divindades da mitologia cristã, o pessoal só pode estar de brincadeira! Desculpe quem tem nojo de gente, mas protesto tem que mexer mesmo com a sociedade, senão não é protesto. Vira desfile de blocos de descontentes, que nunca serão atendidos em suas reivindicações porque deixam de existir simbolicamente. “Quesito: Importância social. Sindicato dos Bancários, nota 10. Movimento Passe Livre, nota 10. Movimento Cansei, nota 6,5.”

Parar a cidade, inverter o campo, subverter a realidade. Ninguém faz isso para causar sofrimento aos outros (“ah, mas tem as ambulâncias que ficam presas no trânsito” – faça-me um favor e encontre um argumento decente, plis), mas para se fazer notado, criar um incômodo que será resolvido a partir do momento em que o poder público resolver levar a sério a questão.Ser pacifista não significa morrer em silêncio, em paz, de fome ou baioneta. A desobediência civil professada por Gandhi é uma saída, mas não a única e nem cabe em todas as situações.

Rascunhei em outro texto essas ideias, mas decidi dar prosseguimento a elas depois de ler os comentários de um post que fiz, na semana passada, sobre os protestos contra o aumento das passagens em São Paulo. É trágico como milhares de pessoas não entendem o que está acontecendo e, tomando uma pequena parte pelo todo, resumem tudo a “vandalismo”. Não defendo destruição de equipamentos públicos, por considerar contraproducente ao próprio movimento, pela escassez de recursos públicos, por outras razões que já listei aqui antes. Mas é impossível para os organizadores de uma manifestação controlarem tudo o que acontece, ainda mais quando – não raro – é a polícia que ataca primeiro.

E, acima de tudo, não compactuo com uma vida bovina, de apanhar por anos do Estado, em todos os sentidos e, ainda por cima, dar a outra face, engolindo as insatisfações junto com cerveja e amendoim no sofá da sala.Muitos detestam sem-terra, sem-teto e povos indígenas. Abominam a ideia de que o direito à propriedade privada e ao desenvolvimento econômico não são absolutos. Mas os direitos humanos são interdependentes, indivisíveis e complementares. O que é mais importante? Direito à propriedade ou à moradia? Não passar fome, locomover-se livremente ou desfrutar da liberdade de expressão? Todos são iguais, nenhum é mais importante que o outro. Intelectuais que pregam o contrário precisam voltar para o banco da escola.E direitos servem para garantir a dignidade das pessoas, caso contrário, não são nada além de palavras bonitas em um documento quarentão.

Leio reclamações da violência das ocupações de terras – “um estupro à legalidade” – feitas por uma legião de pés-descalços empunhando armas de destruição em massa, como enxadas, foices e facões. Ou contra povos indígenas, cansados de passar fome e frio, reivindicando territórios que historicamente foram deles, na maioria das vezes com flechas, enxadas e paciência.  Ou ainda manifestantes que exigem o direito de ir e vir, tolhido pelo preço alto do transporte coletivo, e que resolvem ir às ruas para mostrar sua indignação e pressionar para que o poder público recue de decisões que desconsideram a dignidade da população. Todos eles são uns vândalos.

Por que essa gente simplesmente não sofre em silêncio, né?

Caro amigo e cara amiga jornalistas, falo com todas as letras: não existe observador independente. Você vai influenciar a realidade e ser influenciado por ela. E vai tomar partido e, se for honesto, deixará isso claro ao leitor. Sei que há colegas de profissão que discordam, que dizem ser necessário buscar uma pretensa imparcialidade, mas isso é só metade da história. Deve se buscar ouvir com decência todos os lados de um fato para reconstruí-lo da melhor maneira possível. Afirmar que existe isenção em uma cobertura jornalística de um conflito, contudo, só seria possível se nos despíssemos de toda a humanidade.

Isso sem contar que tentar manter-se alheio a reivindicações justas é, não raro, apoiar a manutenção de um status quo de desigualdade e injustiça. Coisa que, por medo, preguiça, vontade de agradar alguém ou pseudo-reconhecimento de classe, a gente faz muito bem.Manifestações populares e ocupações de terra e de imóveis vazios significam que os pequenos podem, sim, vencer os grandes. E os rotos e rasgados são capazes de sobrepujar ricos e poderosos. Por isso, o desespero inconsciente presente em muitas reclamações sobre a violência inerente ou involuntária desses atos.

Muitas das leis desrespeitadas em protestos e ocupações de terra não foram criadas pelos que sofrem em decorrência de injustiça social, mas sim por aqueles que estão na raiz do problema e defendem regras para que tudo fique como está. Você pode fazer o omelete que quiser, mas se quebrar os ovos vai preso.Enquanto isso, mais um indígena foi emboscado e morto a tiros no Mato Grosso do Sul. Mas tudo bem. Devia ser apenas mais um vândalo, não um homem de bem.

Fonte:Leonardo Sakamoto

terça-feira, 11 de junho de 2013

CHAPA 2,CAMPANHA DO AGASALHO!

O MRCL (Movimento Renovação,Coragem e Luta do ABC),realizará a sua 1ª Campanha do Agasalho,com arrecadação de roupas,cobertores,edredons,mantas e agasalhos nas igrejas,centros comerciais,associações de moradores e nas centenas de fábricas espalhadas pela categoria química do Grande ABC,a campanha será lançada no dia 14/06/13 e seguirá até o dia 17/07/13,participe! .

Nestes 2 anos de existência,sempre arrecadamos agasalhos de forma isolada,através das nossas representações de trabalhadores,recolhendo doações e enviando aos necessitados,por algumas vezes,auxiliamos os pequeninos do Lar da Mamãe Clory em São Bernardo do Campo.Mas desta vez faremos uma Campanha do Agasalho,um pouco mais ampla,que amenizem o sofrimento dos companheiros e companheiras demitidos da Chapa 2,levando agasalhos que protejam nossos moradores de rua e que aqueçam principalmente os corações e mentes das famílias carentes que moram na região do Grande ABC.

Com essa iniciativa queremos resgatar o espírito de solidariedade e mostrar a importância da inserção do MRCL (Movimento Renovação,Coragem e Luta do ABC) em defesa da nossa categoria,pois nossa bandeira de luta é estar sempre ao lado dos trabalhadores,tanto nas horas boas,quanto nas horas mais dificeis.E sendo assim mãos a obra,e para isso arrecadaremos agasalhos nas igrejas,pastorais da juventude,associações de moradores e também nas portas de fábrica do Grande ABC.

Nossa Campanha do Agasalho,terá postos de coletas itinerantes,mas também terá postos fixos para recolhimento das doações nas representações dos trabalhadores,situadas em algumas indústrias químicas da região,tais como:Comissões de Fábricas e Cipas e postos de coleta nas saídas dos turnos.

Desde já agradecemos aos homens e mulheres de boa vontade e convidamos a todas e todos a abraçarem esta causa nobre,em defesa dos mais necessitados,pois este inverno promete ser um dos mais rigorosos dos últimos tempos e sempre temos algumas roupas,cobertores,mantas e casacos que não usamos mais,vamos abrir nossos guarda-roupas e nossos corações e doá-los a quem realmente precisa.

Nós do MRCL (Movimento Renovação,Coragem e Luta do ABC),contamos com vocês,nessa importante iniciativa de solidariedade,respeito e amor ao próximo.

domingo, 9 de junho de 2013

CHAPA 2,NA LUTA PELA REDUÇÃO DA TARIFA!

Não é segredo para ninguém o quanto o transporte coletivo nas maiores cidades do Brasil é precário,somente quem depende dele sabe! Empresas milionárias no Grande ABC detêm o monopólio desse serviço e para isso são muito bem pagas, afinal são milhões de trabalhadores e estudantes que andam de ônibus todos os dias. E o injusto desta história,é que pagam um preço altíssimo por um serviço tão ruim.Os ônibus lotados,sujos,atrasados e que quebram o tempo todo são uma realidade presente na vida desses homens e mulheres,que além de pagarem um absurdo,todo ano são obrigados a verem a passagem aumentar de preço desproporcionalmente em relação aos seus salários.Afinal, a realidade é essa: enquanto as passagens aumentam de forma exorbitante e muitas vezes acima da inflação,os salários dos trabalhadores continuam os mesmos.

O povão esta cansado de tanta injustiça:

Mas a verdade é que o povão está cansado de ser oprimido,e apesar da grande imprensa e de alguns meios de comunicação ditos progressistas não divulgarem os atos,constantemente são organizadas manifestações pelos estudantes e trabalhadores para barrar o aumento das passagens,como as grandes manifestações em Mauá e demais cidades do Grande ABC.Desde de então a luta se espalhou por cidades importantes como:Teresina, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Recife,Rio Grande do Norte,Rio Grande do Sul e agora chegou em São Paulo... e outras cidades se mobilizam para impedir os aumentos exorbitantes nas passagens,que na maioria das vezes é assinada na calada da noite,aproveitando que os estudantes e muitos trabalhadores estavão de férias,imaginando que não se organizariam.Mas é claro que se enganaram, tanto os estudantes quanto outros setores da população,têm saído as ruas de forma consequente e combativa,por um transporte que deveria ser público e servir a maioria,mas que a cada dia se torna mais caro a população.

Passe Livre integral aos estudantes:

Além do problema do alto preço da passagem, que é muito caro, o usuário do transporte público ainda se depara com outro problema:os estudantes possuem apenas o meio-passe e não o passe livre integral, que seria seu por direito,para facilitar as locomoções para os estudos! Foi com muita luta que os estudantes  conseguiram o meio-passe, mas isso ainda não é o suficiente, afinal não aceitamos um meio-direito,queremos por inteiro e não pela metade.Todo estudante tem direito sim ao passe livre integral, sem limite de quantas viagens possam ser feitas no dia ou quantos dias da semana possam ser utilizados.Mas como sabemos,vamos cobrar a fatura dos políticos da região que prometeram em suas campanhas milionárias e não cumpriram,pois o passe livre integral só será conquistado com muita luta! 

Os trabalhadores estão na luta:

No inicio do ano a população de Mauá e as demais cidades do Grande ABC,ocuparam as ruas,realizando protestos e grandes manifestações e devido a isso,obrigaram os integrantes do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC,a anunciarem na semana passada a diminuição das passagens de ônibus nas sete cidades,não foi de graça,foi através das lutas dos estudantes e dos trabalhadores e dos enfrentamentos contra o aparato político/empresarial/sindical que reina atualmente,enfrentando muita borrachada,bombas de gás de lacrimogênio e exprays de pimenta na cara,que conquistamos a revogação do aumento da passagem de ônibus no Grande ABC.E mais vitórias vieram e ainda virão,pois recentemente os estudantes e trabalhadores de Porto Alegre também conseguiram a diminuição dos altos preços das passagens de ônibus,sabemos das dificuldades dos trabalhadores motoristas rodoviários,que lutam contra a dupla função de dirigir e cobrar as passagens,sabemos das dificuldades enfrentadas pelos usuários de transporte coletivo e contra isso devemos  fortalecer a luta contra o aumento da passagem e em defesa dos nossos direitos e mostrar a todos que lutar não é crime!

Protestos de estudantes e trabalhadores em São Paulo:

Sabemos que a criminalização dos movimentos sociais é uma tentativa da direita em conter a mobilização dos oprimidos,há muito tempo não assistíamos nas tvs e jornais as imagens dos estudantes e trabalhadores de mãos dadas,lutando por um transporte público de qualidade e mais acessível a todos e todas.Mesmo que  alguns mais exaltados tenham partido para o vandalismo nas ruas de São Paulo, e como sabemos,em reação a atitude de intolerância dos policias militares,que de forma autoritária despejaram bombas e atiraram aleatoriamente em todos que protestavam por condições melhores nos transportes públicos.Diante deste cenário de ganância dos empresários e da falta de sensibilidades das autoridades políticas,o povão anda cansado de ser  tratado como "gado e sardinha em lata" e resolveu dar o seu recado e de forma livre e autônoma estão saindo as ruas de São Paulo e do Brasil.

Fonte:Trabalhadores da base

segunda-feira, 3 de junho de 2013

CHAPA 2,CONSTANTE CASTELLANI,SAUDAÇÕES!

Liderados por Constante Castellani os trabalhadores voltam as ruas do Grande ABC

Com o ressurgimento das greves dos trabalhadores texteis na Ipiranguinha,em 1919 e o endurecimento dos patrões,os lideres da Federação Operária de São Paulo e da União Operária de Santo André,resolvem se aliar e dar apoio aos movimentos dos trabalhadores,contra as explorações,maus tratos e constantes torturas que os operários vinham sendo submetidos. Em assembléia com os trabalhadores aprovam uma passeata que deveria sair do Largo do Ipiranguinha,hoje sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André,e percorrer a região central de Santo André,descendo pela Rua Coronel Oliveira Lima,com faixas e cartazes, com objetivo de colher auxilio financeiro e denunciar a população a situação dos trabalhadores em greve.

A passeata dos trabalhadores desenvolvia com calma,com viva gritada pela massa operária,que tomava conta das ruas do centro de Santo André,a concentração tinha iniciado as 5 horas da madrugada e aproximadamente as 10 horas da manhã do dia 05 de Maio de 1919,atingiu o largo hoje conhecido por Quitandinha,próximo a estação de trem. Neste momento os trabalhadores pararam e levantaram suas faixas e cartazes,enquanto as trabalhadoras interpelavam as pessoas nas calçadas pedindo auxilio financeiro e distribuindo os panfletos denunciando as precariedades vividas pelos trabalhadores grevistas no interior da Fábrica Ipiranguinha.

A ditadura avança contra os trabalhadores da Ipiranguinha:

Nesse momento surgem policiais e soldados,fortemente armados,espancando todos os trabalhadores e buscando através da força dispersar a passeata.O trabalhador Constante Castellani,um dos líderes do movimento dos tecelões e membro da União Operária, toma a palavra e faz um discurso improvisado,mostrando aos presentes que o movimento grevista lutava por melhores condições de trabalho pacificamente e gostaria de contar com a compreensão de todos,inclusive dos militares presentes.Os trabalhadores ouviam silenciosos e ao final do discurso,todos aplaudiram as palavras do líder operário,e protestaram contra a presença dos policiais  militares,homens,mulheres e crianças batiam palmas e aclamavam Constante Castelani e davam vivas em apoio a luta dos trabalhadores da Indústria Ipiranguinha.

A polícia imediatamente inicia sua investida,lançando bombas,atacando violentamente os trabalhadores com cacetetes e depois de alguns instantes,ouvem se disparos de fuzil em meio a multidão de trabalhadores e transeuntes, entre os vários feridos, estava no chão Constante Castellani,para tristeza de todos o líder havia sido assassinado.Depois da tragédia, os trabalhadores arrancaram das mãos da polícia o corpo do operário assassinado e o levaram para a sede da União Operária de Santo André,onde milhares de trabalhadores vieram prestar-lhe as últimas homenagens,protestando contra os atos criminosos da polícia,no dia seguinte,Constante Castellani,é levado a sepultura,seu cortejo é acompanhado por milhares de operários metalúrgicos,químicos,textêis,donas de casa,crianças e jovens que levaram o corpo pelas principais ruas da cidade,e ao entardecer, foi sepultado no Cemitério de Vila Assunção, Santo André,onde anos mais tarde também foi sepultado o corpo de Celso Daniel.

Muitas conquistas só vieram com as lutas dos nossos heróis:

Em São Paulo,Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul,espalhavam-se as greves que duravam até que a jornada de trabalho fosse reduzida.Os operários da Companhia Nacional de Tecidos de Juta só voltaram ao trabalho no dia 17 de Maio de 1919, com a jornada de oito horas diárias e aumento salarial aprovados.Todos os trabalhadores do Brasil,protestavam pela diminuição da jornada sem redução salarial,não só conquistaram sua reivindicação original como conseguiram também vários aumentos salariais.Milhares de trabalhadores contratados de forma autônoma que recebiam por dia também passaram a trabalhar oito horas diárias, e não mais 10 horas,11 horas ou 12 horas,todas as conquistas sem redução salarial.

A luta pela redução da jornada de trabalho em todo o mundo teve o seu maior auge em meados de 1919,logo após as mortes de inúmeros líderes sindicais,entre eles o assassinato de Constante Castellani,foi graças as longas lutas operárias do Grande ABC,que obrigaram os patrões,a burguesia e consequentemente a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a aprovar a Convenção I, que finalmente limitava as horas de trabalho para oito diárias e 48 semanais.Cinqüenta e dois países ratificaram essa Convenção, que só possível através de mobilizações revolucionárias da classe operária,contra a exploração capitalista.Estas conquistas estariam, no entanto, longe de serem o fim das lutas operárias no Grande ABC...

*Terceira parte do curso de formação política do MRCL

domingo, 2 de junho de 2013

CHAPA 2,A PRIMEIRA GREVE DO ABC!

Em 26 de Fevereiro de 1906,os trabalhadores da Indústria de Tecelagens Ipiranguinha em Santo André,no ABC Paulista,resolvem se rebelar contra a situação precária por que passam os mais de 500 trabalhadores,entre eles mulheres e menores de idade,que eram obrigados a cumprir mais de 16 horas de trabalho,convivendo com constantes espancamentos,muitos operários eram impedidos de utilizar os banheiros imundos da fábrica e o que era pior,a grande maioria era tratada como escravos,pois as dívidas contraídas no armazém da empresa,só aumentava e funcionava como maneira de prender os trabalhadores e obrigá-los e produzir mais e mais,para pagar as suas contas na caderneta do patrão.Devido a tal situação,os trabalhadores iniciam uma movimento grevista e decidem se aliar a  Federação Operária de São Paulo e deflagram a greve.

O movimento dos trabalhadores da Ipiranguinha aumentou ainda mais,depois que os patrões reduziram os salários de 170 mil,para 90 mil réis mensais,sem consulta aos operários,mantendo a jornada de trabalho igual das 5h30 às 18h30,com uma hora de almoço, e passou a exigir a produção de 40 metros de pano todo dia,sob pena de demissão imediata.De boca a boca a greve foi sendo articulada pelos 150 tecelões,que além de trabalharem até a exaustão,tinham que enfrentar enormes tanques de tingimento com fornos com mais de 50º graus de calor.Estes trabalhadores eram os mais qualificados da fábrica e tinham contatos com as lideranças dos movimentos anarquistas da época.

Os patrões da Ipiranguinha não quiseram negociar, proibiram o acesso dos grevistas ao armazém para a compra de alimentos e chamou a polícia conhecida como força pública para reprimir o movimento dos trabalhadores.Depois de três semanas de greve, a direção da Ipiranguinha anunciou a demissão de todos os grevistas,suspendeu o trabalho do departamento de fiação,entregou as fichas pessoais dos grevistas as autoridades policiais e fechou a fábrica por tempo indeterminado.Em seguida,os patrões anunciaram que iriam trazer tecelões da unidade de Tatuí,interior de São Paulo, para reabrir a tecelagem.

A luta dos trabalhadores da Ipiranguinha não foi em vão:

A greve dos trabalhadores da Indústria Ipiranguinha de Santo André,não foi em vão,mesmo diante das mortes e prisões de seus líderes e mesmo tendo que retornar a fábrica depois de 35 dias de paralisação,sem terem as suas reivindicações atendidas,tal ato foi mais um passo na organização dos operários do Grande ABC,pois no mesmo ano de 1906, ferroviários, gráficos, chapeleiros, sapateiros e metalúrgicos fazem uma greve por jornada de oito horas diárias,em seguida em Maio de 1907,cerca de 10 mil operários do Estado de São Paulo de várias categorias profissionais cruzam os braços pelas oito horas diárias e a conquista é estendida aos trabalhadores pedreiros, carpinteiros, sapateiros, canteiros,químicos,gráficos, chapeleiros, costureiras, limpeza pública, metalúrgicos e marceneiros.

Esta greve também teve um saldo político positivo,com a criação de organizações operárias, entre elas a Liga Operária e o Centro Operário de São Bernardo do Campo,em 1908, foi fundada a União Internacional dos Canteiros de Ribeirão Pires, reunindo trabalhadores que produziam as pedras para o calçamento das ruas e guias das cidades do grande ABC.Em sua maioria estas entidades nasceram sob orientação anarquista,tais entidades ajudaram a sustentar a luta operária da região durante muitos anos e mesmo diante de tamanha covardia,mesmo diante de mortes,exilios e repressões a força bruta e a ditadura militar não fizeram cessar as reivindicação dos trabalhadores do Grande ABC...

*Segunda parte do Curso de Formação Política do MRCL