terça-feira, 10 de julho de 2012

CHAPA 2,SAÚDE DO TRABALHADOR!



   TRAUMAS PSICOLÓGICOS,A NOVA CARA DAS DOENÇAS  DO TRABALHO
     Por: Vladimir Ribeiro  (vladimir@abcdmaior.com.br)

Simpósio realizado em São Bernardo discutiu relação entre trabalho e saúde mental. Foto: Amanda Perobielli
Simpósio realizado em São Bernardo discutiu relação entre trabalho e saúde mental. 

Foto: Amanda Perobielli
Pressão crescente por produtividade pode se transformar em problemas emocionais
Lindinalva Loiola da Silva, 40 anos, toma vários comprimidos por dia, entre antidepressivos e medicamentos para suportar as dores. O quadro de saúde é reflexo do trabalho que desenvolveu nos últimos 14 anos. Lindinalva é química e hoje tem grave problema de depressão. O quadro, ao invés de ser uma exceção, tem se tornado uma constante nas empresas. As doenças de trabalho, que há poucas décadas se traduziam em problemas físicos, hoje atingem também o lado mental.

Somente em 2010 o Ministério da Previdência registrou 1.039 ocorrências de doenças relacionadas ao trabalho no ABCD. Em muitos casos, os problemas começam relacionados com LER (Lesão de Esforço Repetitivo) e se agravam para doenças psicológicas.

No caso de Lindinalva, além de fazer o mesmo movimento na máquina em que trabalhou por quase dez anos, havia a pressão dos chefes para que a produção não parasse. “No início eu me dedicava à empresa. Cheguei a rasgar atestados médicos para trabalhar, porém, depois de sete anos, comecei a sentir dores nos braços e na coluna. Não tive apoio da empresa, que só queria me afastar ou me demitir para se livrar do problema”, relembrou.

A trabalhadora já passou por duas cirurgias de correção de coluna e ombro e precisa de mais uma. Todo o transtorno que teve início em 2005 terminou com a demissão de Lindinalva em março deste ano, o que causou depressão na trabalhadora. Hoje Lindinalva toma remédios para dormir e antidepressivos. “Além de conviver com dores no corpo, havia pressão por produtividade. Hoje não posso ter filhos por conta desses problemas.”

Pressão - De acordo com o professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC, Sérgio Baldassin, nem sempre casos de LER estão relacionados a problemas psicológicos. “Cada caso é um caso, porém isso é somado à pressão que a empresa faz no funcionário para que continue produzindo a mesma quantidade ou da mesma forma que antes. Também há a visão do trabalhador sobre a situação, que pode se sentir limitado”, afirmou.

Baldassin explicou que o profissional pode gostar muito do que faz, mas o ambiente de trabalho pode ser estressante e causar os problemas de saúde. “Que podem ser físicos ou emocionais. Neste segundo caso, o funcionário pode ficar com depressão, ansiedade e até síndrome do pânico. Os sintomas desses problemas são comportamentais, com a pessoa se tornando negativa ou pessimista, entre outros fatores”, destacou.

O professor destacou que algumas empresas podem analisar esses problemas como falta de caráter do funcionário, quando na verdade esse empregado está doente. “O líder tem de saber analisar quem é quem na sua equipe. Saber quem aguenta mais pressão e lidar com a situação. A pessoa pode amar o que faz, mas estando doente não irá produzir da mesma maneira”, disse.

Dados não são compilados em sua totalidade:
De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, entre 2009 e 2010 houve diminuição de 12,97% nos casos de doenças do trabalho. Enquanto no primeiro ano foram registrados 1.187 trabalhadores com algum tipo de doença, no segundo ano do levantamento esse número caiu para 1.039.

De acordo com a coordenadora de saúde do trabalhador do Cerest (Centro de Referência de Saúde do Trabalhador) de São Bernardo, Andréia Garbim, os números podem não refletir a realidade. “Muitos casos não são informados pelas empresas ou sindicatos ao Ministério da Previdência. Utilizamos esses dados como uma referência”, destacou.

Andréia disse que os dados do Ministério ainda não computam casos de trabalhadores que passaram a usar drogas para dar conta dos turnos de trabalho. “Esse é um assunto pouco explorado e debatido, sobre o qual temos de trazer mais foco antes que seja agravado”, disse.

Afastamentos - Levantamento feito pelo Sindicato dos Bancários do ABCD mostra que, em 2011, 40% dos trabalhadores que se afastaram apresentaram algum problema psíquico e têm LER . “Até o momento, neste ano, registramos 70 afastamentos, contra 80 registrados no ano passado. Esses são os dados que são do conhecimento do sindicato, pois muitos não comunicam seus problemas por medo de demissão”, disse Adma Maria Gomes, uma das diretoras da entidade.

De acordo com Adma, no caso específico dos bancários, hoje a culpa pelo mau desempenho da empresa recai sobre os funcionários. “São estipuladas metas para os empregados, que se desdobram para alcançar. Quando desenvolvem algum tipo de tendinite, por exemplo, e não conseguem mais trabalhar no mesmo ritmo, vem a pressão psicológica e uma possível demissão, por não estar a contento do contratante”, explicou.

 Trabalhador corre risco de ficar no limbo
O diretor do departamento de Saúde, Condições de Trabalho e Meio Ambiente do Sindicato dos Químicos, José Freire da Silva, afirmou que os casos de trabalhadores afastados por doenças estão crescendo em todos os setores. Porém, há casos em que o trabalhador fica em uma espécie de limbo.

“A pessoa não tem condições de trabalho, mas o médico do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) dá alta e diz que o trabalhador tem condições de voltar à empresa. Quando volta ao seu posto e apresenta o mesmo problema de antes, o médico da empresa o afasta. O empregado fica sem saber o que fazer e corre o risco de ficar sem salário no meio dessa confusão”, explicou.

Fonte:site:abcdmaior.com.br

2 comentários:

  1. Por que que este tal de Freire do sindicato dos quimicos do abc,fala que o trabalhador vai ficar no limbo!Onde entra a responsabilidade do sindicato na defesa dos trabalhadores,cada dia que passa me convenço que a Chapa 2 é a única saída para nós simples trabalhadores.

    Elibete da Silva Siqueira-Ortobom-sbc

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  2. Eu conheço a Lindinalva e sei o quanto ela deu o sangue na empresa e quando ficou doente com problemas no braço e na coluna nem a PLr(participação de lucros e resultados) ela conseguiu pegar, porque a empresa recorreu mudando o laudo dela de acidente do trabalho para auxílio doença. As empresas devem parar de tratar o trabalhador lesionado como um bagaço de laranja que se usa e depois joga fora. Precisamos de um Sindicato combativo e não adianta jogar a culpa na desunião dos trabalhadores, pois eles se unirão para lutar quando tiverem confiança no sindicato e para isso precisa haver mudança na diretoria!!! Trabalhadora da Colgate

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