sábado, 4 de maio de 2013

CHAPA 2,EM DEFESA DOS MORADORES DE RUA


O Grande ABC desconhece seus moradores de rua

A pouco mais de um mês para o inverno (21 de junho), as informações em torno da população que mora nas ruas ainda são escassas. Apenas São Bernardo e Diadema apresentam números variáveis de 300 e 350 munícipes, respectivamente, identificados pelo serviço de abordagem social. Santo André aponta 120 atendimentos diários no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), antiga Casa Amarela, mas aposta em pelo menos o dobro nas ruas. Apesar dos números, o atendimento ainda é apenas para as necessidades básicas e não para a reinserção do cidadão à sociedade. O ABC está preparado para acolher os seus moradores de rua?

Para o coordenador da Cátedra Gestão de Cidades da Metodista, Luiz Silvério Silva, reintegrar as pessoas em situação de rua é um grande desafio social que o Estado deve gerir, e as parcerias com a sociedade ativa são fundamentais para que haja a integração dos trabalhos. "Vemos um cenário onde diversas entidades atuam separadamente e de forma independente. O ideal é integrá-las aos programas das prefeituras e trabalhar, de maneira coordenada, cada necessidade para devolver a dignidade ao indivíduo", afirma.
Nesta terça-feira (30), o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) aprovou resolução que amplia e integra os serviços de proteção social à população em situação de rua, o que deve resultar no fim das superlotações dos abrigos e casas de passagem. A expansão contará com recursos de cerca de R$ 137 milhões, a serem repassados pelo governo federal ainda este ano para até 345 municípios brasileiros, entre eles Santo André, que oferece atendimento no CREAS.

Apoio da sociedade:

Se de um lado o acolhimento aos moradores de rua ainda precisa avançar no poder público, religiosos e grupos da sociedade tentam prestar atendimento, como a Pastoral de Rua Nossa Senhora da Salete - Missão de Caridade Virgem dos Pobres, que atua em Santo André. A coordenadora do projeto, Ana Paula Fedrigo, conta que há quatro anos 12 voluntários saem todas as sextas-feiras à noite para distribuir alimentos e roupas, fruto de doação. Ana Paula diz que para lidar com os quase 50 moradores de rua que encontram todas as semanas, é preciso se desprender da realidade para lidar com aqueles que tiveram os laços familiares rompidos, muito deles usuários de drogas.

O trabalho da pastoral tem rendido frutos. Exemplo é que prepara a união oficial de um casal que se recupera da dependência química. "Colocamos os dois numa clínica há seis meses e, durante este tempo, montamos uma casa para eles morarem, além de projetarmos o retorno deles ao mercado de trabalho", diz.

Outra ação voluntária é desenvolvida no Recanto da Esperança Dom Décio Pereira, também em Santo André. Criado em 2012, o local é comandada pelo diácono Franco Chippari, que durante 10 anos coordenou os trabalhos da Casa de Convivência Parque Miami, administrada pela Cáritas Diocesana. Atualmente, o recanto mantém oito ex-moradores de rua que querem continuar na assistência. "Formamos uma família e agimos como tal. Paralelamente há o acompanhamento psicológico e médico, além de atividades extras para os manterem com a mente ocupada", explica o diácono.

Superlotação e adaptação dificultam atendimento:

Apesar de o número de moradores de rua ser quase desconhecido no ABC, não é preciso esforço para encontrar essa população amontoada embaixo de viadutos, marquises de prédios ou em outros locais improvisados com papelão. A coordenadora da Pastoral de Rua Nossa Senhora da Salete, Ana Paula Fedrigo, explica que muitos têm dificuldade em seguir as regras dos abrigos e preferem ficar na rua, daí a importância do trabalho assistencial.

Em São Bernardo, além do acolhimento institucional em albergue, que atende 150 pessoas em regime diuturno - durante o inverno podem ser abertas 50 novas vagas emergenciais para pernoite -, existe o trabalho de abordagem social de rua, feito por 16 educadores. Junto ao albergue, o Centro de Convivência fornece alimentação e lavagem de roupas.

Em Diadema, funciona o CREAS - POP Rua (Centro de Referência da Assistência Social), onde os usuários são referenciados ao serviço e, posteriormente, encaminhados pelas políticas sociais setoriais, principalmente na área da saúde (CRT/DST-Centro de Referência e Doenças Sexualmente Transmissíveis) e CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Droga). O CREAS POP oferece aos usuários a higienização diária e, em parceria com duas entidades do município - Transitória Casa do Caminho e ONG Mai - abrigo noturno.

Já em São Caetano, se o morador de rua estiver em perfeitas condições de saúde é encaminhado para um dos abrigos: o Lar Bom Repouso, com 180 leitos para homens, ou o Lar Anália Franco, com 43 leitos para mulheres. Caso esteja debilitado, o morador segue para o pronto socorro, onde receberá atendimento médico e, posteriormente, encaminhado ao abrigo para receber alimentação e roupas limpas.

Em Ribeirão Pires, os moradores em situação de rua cidade recebem apoio, acompanhamento especializado e oportunidade de aprender uma profissão na Casa da Acolhida, em Ouro Fino Paulista. No espaço são realizadas atividades culturais, esportivas, além de acompanhamento de psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros. Com capacidade para 45 atendimentos, a Casa da Acolhida atende média de 38 pessoas por mês. Mauá e Rio Grande da Serra não responderam à solicitação. 

Fonte:Reporter Diario (Colaborou Iara Voros)

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